Artigo: Energia
Eólica cresce no Brasil
Autor: João
Paulo Caldeira
Do Brasilianas.org
A energia eólica
responde por uma pequena parcela do total da matriz energética
brasileira (cerca de 0,9%) e o país ocupa somente a 20ª posição no ranking
de capacidade instalada. Esse panorama, porém, deverá mudar em pouco tempo,
acredita Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), durante a Brazil Wind Energy Conference (BWEC) - evento que
debateu, na última segunda (02), em São Paulo , as oportunidades do setor no país.
A visão otimista de
Tolmasquim é justificada por diversos motivos. Em 2011, o Brasil foi o 11º país
em aumento de capacidade instalada. Além disso, um dos estudos que medem o
potencial eólico no país diz que ele está na casa dos 143 gigawatts, equivalente
a dez vezes a geração da Usina de Itaipu. O presidente da EPE, porém, acredita
que este potencial é muito maior, já que a medição foi feita considerando
torres de 50 metros
de altura, e atualmente existem altura, e atualmente existem aerogeradores
com mais de 100 metros .
Em 2005, o país
possuía somente 10 usinas, que produziam 28 megawatts. O grande na época,
era o alto custo da energia eólica, que fazia com que perdesse competitividade
nos leilões. Em 2009, é feito leilão de reserva, que consegue uma queda nos
preços, passando de R$ 306/hora para R$ 105/hora. Em agosto do ano passado, o
país tinha 36 parques eólicos com capacidade instalada de aproximadamente 1000
MW. Outros projetos serão entregues em agosto deste ano, e, até 2014, a perspectiva é de
atingir uma capacidade instalada de 7 mil megawatts.
Além dos leilões de energia, uma das
razões para o aumento da energia eólica no país foi a crise de 2009. Sem os
subsídios e financiamentos europeus, muitos investidores voltaram suas atenções
para a geração de energia brasileira.
Houve um crescimento também na
indústria voltada à produção de aerogeradores. Se em 2009 o país tinha somente
duas fábricas, hoje são oito. O problema, aponta Tolmasquim, é que apenas duas
dessas empresas fazem toda a cadeia produtiva no país, enquanto a maioria
somente monta os componentes.
A consolidação da indústria de
energia eólica também é uma preocupação de Elbia Mello, presidente-executiva da
Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Os parques eólicos podem
gerar quase 20 mil empregos diretos. Além disso, as terras onde são montadas as
usinas são arrendadas de seus proprietários, geralmente pequenos produtores, em
áreas com baixa produção agrícola e pecuária.
Ela também aponta o fato de que as
indústrias da cadeia produtiva eólica acabam fixando-se em regiões próximas aos
parques, por questões de logística.
Outro foco da associação é o
incentivo à pesquisa. É necessário o desenvolvimento de uma tecnologia que leve
em consideração as diferenças entre os regimes de vento do Brasil, EUA e
Europa. Existem, inclusive, diferenças consideráveis na corrente de ventos
dentro do país.
Para isso, a ABEEólica está montando
uma rede de pesquisa nesse setor, congregando universidades e institutos. Teve
início um mapeamento, com visitas ao Rio Grande de Norte, Ceará e Pernambuco.
Antônio Tovar, chefe do Departamento
de Energias Alternativas do BNDES, explicou o apoio do banco para os projetos
de energia eólica. Segundo ele, este apoio começa somente em 2005, juntamente
com o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica), primeiro programa federal a incentivar a instalação de usinas
eólicas no Brasil.
Entre 2005 e 2011, o BNDES financiou
R$ 6,2 bilhões para a energia eólica e investiu R$ 10,4 bilhões neste tipo de
projeto. Atualmente, estão em análise 11 parques eólicos, num total de R$ 1
bilhão em financiamentos e R$ 1,7 bi em investimentos.
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